programa zé kleber 2021

O Museu do Território, em parceria com a Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, realiza nos dias 23 e 24 de abril de 2021 quatro mesas do “Programa Zé Kleber 2021” – homenagem ao poeta paratiense, espécie de embaixador cultural da cidade entre os anos 1960 e 1980. Sem acesso por estrada e isolada do ciclo econômico brasileiro por cerca de um século, Paraty viveu voltada para si mesma e suas tradições até meados dos anos 1960. Nessa época, através de José Kleber, que abriu as portas da cidade para artistas dos grandes centros urbanos do Brasil, a população paratiense começou a experimentar certa abertura cultural. As Festas tradicionais permaneceram como centro da vida dos habitantes, mas a partir daí outros elementos culturais passaram a ser levados em consideração. De certo modo, esse ainda é um retrato fiel do cenário da produção cultural realizada em Paraty. Como num entroncamento, a cidade cultiva suas raízes, mas sem deixar de acolher o que vem de fora.

Com curadoria de Nena Gama, paratiense, uma das fundadoras da Eco TV e ex-secretária de turismo da cidade, as quatro mesas propostas pelo Museu do Território têm a intenção de ser um reflexo de parte dessa amálgama que foi e é Paraty. Lado a lado, elas oferecem um panorama histórico da cidade, mas também colocam em evidência o trabalho das novas gerações – sejam as que pesquisam a fundo a história local, sejam as que se nutrem dela, mas que não a usam como foco central de seu trabalho. Parte do Programa Zé Kleber – que ano a ano é homenageado nas edições da Flip –, os encontros também apontam para a necessidade de unir a história da produção cultural na cidade ao trabalho de jovens artistas e pensadores, além de refletir sobre as configurações que se apresentam com as novas tecnologias e cenários adversos para a cultura, como o imposto pela pandemia.

Mesa Teatro em Paraty

23/04, sexta-feira, às 16h

Com Bianca Paraty e Wanessa Malvar, fundadoras da Companhia Biwã, e Claudia Ribeiro, atriz e educadora.
Mediação de Brisa de Souza, artista independente de Paraty.

O teatro exige múltiplos talentos. É necessário dialogar com a literatura, artes plásticas, músicas e inúmeras outras linguagens. Com a pandemia de Covid-19, foi uma das manifestações culturais que mais sofreu: como se apresentar sem público? Às linguagens necessárias para se fazer teatro, então, mais uma foi adicionada: a audiovisual. Nesse contexto, diferentes companhias de teatro tiveram de se reinventar rapidamente e, desde então, vem promovendo inúmeras ações na internet. Como nasce uma nova companhia de teatro em uma cidade como Paraty? Quais são suas influências e preocupações? Como dialogar com o passado e a cultural local sem deixar de ter um olhar global? E como lidar com as reinvenções necessárias por decorrência da pandemia?


Mesa Beco do Propósito

23/04, sexta-feira, às 19h

Com o paratiense e especialista em arte sacra Marcell Costa Moraes e a historiadora paulistana Marina de Mello e Souza, autora do livro “Paraty, a cidade e as festas” e outras obras, além de diretora do Centro de Estudos Africanos da FFLCH-USP.
Mediação do jornalista André de Oliveira.

Em Paraty, os laços entre sociabilidade, música, festas e religiosidade permaneceram coesos apesar das movimentações culturais pelas quais o mundo e a cidade passaram no século 20. Em parte, é possível dizer que isso aconteceu como uma consequência do período em que a cidade ficou isolada do resto do país. Quase sem acesso por estrada, ela se transformou em um celeiro de sua própria cultura. Por outro lado, foi também o talento e o interesse de inúmeras gerações de paratienses pela própria história que fez com que as tradições não se perdessem. Não à toa, hoje os antigos laços que unem Festas, religiosidade e música são colocados em evidência por uma nova geração de pesquisadores e artistas locais que estudam sua própria história.


Mesa Literatura em Paraty

24/04, sábado, às 16h

Com a escritora Elisa Pereira, uma das fundadoras do Sarau Fuzuê Literário, em conversa com o escritor Pedro Libânio, educador no ensino básico de Paraty.
Mediação do jornalista Davi DeTrinda, nascido e criado em Trindade.

Quem busca nos acervos de Paraty, descobre rapidamente que a cidade tem um largo passado literário. Berço de inúmeras publicações, Paraty teve grandes cronistas locais, como José Carlos de Oliveira Freire, o seu Zezito. Nos últimos anos, a cidade também tem sido escolhida por inúmeros escritores que buscam inspiração em suas ruas e veredas. Como consequência disso, há hoje um circuito de literatura na cidade que funciona independente de qualquer instituição. Nesse sentido, uma das iniciativas de maior destaque é o Fuzuê Literário, sarau que acontece de forma virtual desde o início da pandemia e que foi fundado por um coletivo de escritores da região. Dois de seus integrantes conversam sobre literatura nesse encontro.


Mesa Eco TV

24/04, sábado, às 19h

Com Lia Capovilla, Renato Padovani e Nena Gama, fundadores do canal de televisão educativo e comunitário que foi baseado em Paraty.
Mediação do jornalista André Barcinski

Fundada no início dos anos 1990, a Eco TV foi uma experiência singular no Brasil. Canal de televisão educativo e comunitário, era baseado em Paraty e se dedicava a cobrir temas relacionados à Costa Verde do litoral fluminense. Suas reportagens cobriam a política local, acompanhando eleições e o trabalho de diferentes administrações da região; jogavam luz sobre personagens históricos, como Júlia da Silva Bruhns, paratiense mãe do escritor alemão Thomas Mann; e principalmente tratavam de temas relacionados ao meio-ambiente. A sustentabilidade e preservação da natureza sempre nortearam o canal. Por fim, naquela época, em que a cidade vivia um grande período de abertura ao turismo de massa, a Eco TV foi fundamental para manter vivas e em evidência as especificidades culturais paratienses e, principalmente, o modo de vida caiçara de toda a região.


Ficha Técnica
Programa Zé Kleber 2021
Realização Museu do Território em parceria com a Flip

Direção artística: Mauro Munhoz
Curadoria: Nena Gama
Assistente de direção artística: André de Oliveira

Coordenação do projeto: Mariana Bonfanti
Coordenação de arquitetura e urbanismo: Ana Paula de Oliveira Lepori

Coordenação de Design: André Stefanini
Coordenação de Comunicação: Marina Franco
RP autores: Sandrine Ghys

Administrador: Marco Cachada
Administrativo-financeiro: Lia Honório e Rafael Tofanelo

Coordenação de relações institucionais e parcerias: Christopher Mathi
Assistente de relações institucionais e parcerias Juliana Pinheiro

Produção executiva: Marcela Ignácio
Consultoria de leis de incentivo: Ana Maria B. Lima
Produção: Jaqueline Santiago

Transmissão e edição de vídeo: Clarissa Mohany
Site: Wonderweb e Youti
Suporte técnico: Paraty Show

Agradecimentos

Antônio Carlos A Marques
Associação Da Santa Cruz Do Gragoatá (ASCG)
EcoTV
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Núcleo de Mídias, Artes e Tecnologias